O painel Como impulsionar os modelos e soluções IoT ”made in Brazil”? que ocorreu no Futurecom 2018, propôs uma solução simples para o desenvolvimento das tecnologias de Internet das Coisas no Brasil: mais diálogo.
Mediado por Dustin Pozzetti, partner Technology, Media & Telecom da KPMG, o debate reuniu Rodrigo Parreira, CEO Latinoamérica da Logicalis; Tatiana Medina, CIO da Klabin; Eduardo Iha, diretor de Negócios da WND; Leonardo Finizola, diretor para Desenvolvimento de Novos Negócios da Nokia; Thiago Camargo Lopes, secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Edivaldo Santos, diretor de R&D e Inovação da Ericsson; Elisabete Couto, diretora de IoT da Embratel; e Jamile Sabatine Marques, diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES).
Desenvolvimento brasileiro e regulamentação
A primeira questão em pauta foi o papel do Estado como fomentador da produção nacional e seu trabalho de regulação.
Nesse sentido, Thiago Lopes apresentou um panorama positivo, reafirmando o compromisso do Governo Federal com a transformação digital da economia e o cuidado em garantir uma regulamentação adequada no que se refere a IoT – na forma do Plano Nacional de Internet das Coisas.
“A ideia é trazer segurança para o profissional que produz sem desmotivar quem tem interesse em investir”, afirma o representante da pasta. Contudo, Lopes acredita que nada adianta esse esforço sem a cooperação de todo ecossistema que envolve o desenvolvimento nacional dessa tecnologia.
Nesse sentido, Tatiana Medina pede que os fabricantes de IoT trabalhem mais próximos dos consumidores. “Existe uma grande dificuldade de encontrar produtos que se adequem a necessidade da indústria 4.0. Para resolver isso, é preciso uma aliança entre os produtores, quem aplica a solução e os compradores, o que hoje não ocorre”, evidencia.
Apesar disso, Eduardo Iha reconhece que o Brasil tem dado seus primeiros passos no desenvolvimento de IoT, mas pede mais confiança do setor. “Ainda existem desafios fiscais, de produção tecnológica e mão de obra. Mas o processo está rolando”, analisa.
Mais diálogo
Entre os alertas levantados na mesa, Leonardo Finizola alerta para os problemas que a falta de diálogo entre os decisores da cadeia de produção/uso do IoT podem acarretar. “Conversem com o consumidor, senão vira inovar por inovar”, afirma.
Essa preocupação é compartilhada com Elisabete Fonseca, que enxerga na aproximação dos decisores desse ecossistema um meio de garantir a absorção dos produtos pelo mercado. “Isso depende de quanto essa inovação vai trazer de benefícios para cada empresa”, conta.
Entre as soluções para essa questão, Parreira destaca o movimento de criação das startups em torno das universidades. “Dessa forma, se estabelece uma ponte entre os desenvolvedores e usuários”, entende.
Thiago aproveitou para destacar o movimento que ocorre em Florianópolis (onde está a sede da Khomp), que nos últimos anos tem se tornado um pólo de tecnologia por duas questões – o ensino de Engenharia e a qualidade de vida. “É a cidade que mais atrai pessoas inovadoras”, diz.
Edivaldo Santos, da Ericsson, destaca também os resultados obtidos da parceria entre as grandes empresas e instituições de Ensino Superior. “O pesquisador brasileiro é extremamente qualificado. Por isso, temos que dar visibilidade aos bons casos, visando desmistificar os acadêmicos que ainda não veem com bons olhos esse trabalho conjunto”, aconselha.
Ganho individual x coletivo
Outra dificuldade da produção de IoT no Brasil está justamente na concretização do equipamento físico. “As empresas não querem arcar com esse custo. Por isso, temos que explorar os players da indústria que estão dispostos a fazer. Para esse fim, precisamos pensar menos no que cada um leva e sim no quanto ganhamos ao construirmos isso juntos”, afirma a representante da Klabin.
Muito além da tecnologia
Ao ser questionado sobre as iniciativas do Governo Federal para garantir os benefícios da tecnologia IoT para a população brasileira, Thiago Lopes foi enfático. “Para nós, o Plano Nacional de Internet das Coisas não se refere só a tecnologia. É um plano para uma saúde melhor, cidades mais seguras, agricultura mais eficiente, e mais qualidade de vida”, afirma.
Leia mais sobre o mercado IoT – Internet das Coisas – no Blog da Khomp.