O evento 5G Américas trouxe ao primeiro dia do Futurecom 2018 discussões importantes sobre os principais desafios da implantação e regulação do sinal 5G no Brasil e em outros países da América Latina.
Para falar sobre regulação, os organizadores convidaram Agostinho Linhares, gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel (Brasil); Vladimir Daigele, gerente de Redes de Telecom e Espectro da União Internacional das Telecomunicações (UIT Brasil); Sóstenes Díaz, comissionado da IFT (México); e Gibert Camacho Mora, comissionado e superintendente de Telecomunicações da Sutel (Costa Rica). A moderação ficou por conta de José Otero, diretor América Latina e Caribe da 5G Americas.
Brechas de cobertura
A primeira demanda no que se refere à regulamentação de 5G está relacionada à cobertura dessa tecnologia.
Nesse contexto, nossos vizinhos da América do Norte apresentam ousadia. “Nossa meta é que 22% da população faça uso das tecnologias 4G e 5G até 2020”, afirma Sóstenes Díaz.
Por outro lado, Agostinho Linhares, afirma que a Anatel pretende trabalhar as necessidades técnicas do Brasil em 2019. “Essa movimentação diz respeito ao espectro eletromagnético, hiperconectividade e fibra ótica, além de regulamentação em laços ponto a ponto e rede de integração via satélite”, afirma.
Na Costa Rica, as movimentações ocorrem em ritmo lento, mas constante. “Nosso mercado abriu concorrência faz dez anos, mas só em 2017 deu os primeiros avanços em competitividade. Temos hoje três operadoras e oito milhões de usuários, sendo cinco de internet móvel”, diz Gilberto Mora.
Para se ter uma ideia, o executivo revela que a transição da TV analógica para a digital só ocorrerá em agosto do ano que vem.
“Na Costa Rica precisamos do esforço público e privado para que essa tecnologia seja mais democrática. Dessa forma, o regulador precisa entrar como parceiro de investimento”, finaliza.
Vladimir Daigele destaca três pontos a se analisar sobre sinal 5G no Brasil: “O primeiro é o desenvolvimento sustentável da tecnologia 5G. Não apenas como uma evolução do 4G, mas sim um processo de evolução global de desenvolvimento. Sem isso, a lacuna digital no futuro ficará maior”, avalia.
O segundo ponto é a organização de espectro e gerenciamento dos recursos, seguido do terceiro, que é o esforço intersetorial, envolvendo, inclusive, a Educação. “Afinal, quem de fato vai por essa inovação em prática? Os jovens”, define.
O desafio maior: universalizar a internet
Segundo Linhares, o Brasil deve conviver com uma desigualdade tecnológica ainda por alguns anos. Por isso, embora a Anatel trabalhe para viabilizar o leilão de faixas para a nova tecnologia em 2019, a prioridade ainda é universalizar o acesso à internet banda larga.
“O 4G já está em mais de quatro mil municípios, onde vivem 94,5% da população. Contudo, ainda há duas mil localidades que não têm nem sinal de celular 2G, tecnologia usada apenas para ligações de voz, sem acesso à web”, evidencia.
Mas os primeiros passos rumo a essa modernização já foram dados. “Em termos de faixas e ondas milimétricas, pretendemos fazer a 26 gigahertz, pioneira no Brasil, ainda no final do ano que vem”, afirma Linhares.
Sendo assim, o desafio do 5G é de fato a formatação de um modelo que viabilize capital para a exploração dos serviços novos. “Com infraestrutura adequada, que gera mais democratização de tecnologia móvel e menos problemas com o espectro, o setor de Telecomunicações pode ser sim o motor de desenvolvimento das Américas”, conclui.
Leia também: Futurecom 2018 e o painel sobre a adoção da tecnologia 5G no Brasil e oportunidades de valor agregado para as operadoras.
Esse artigo faz parte da cobertura do Futurecom 2018! Fique por dentro dos principais temas abordados no evento sob a ótica da Khomp!